Liderar dá trabalho — e começa na sala de aula

Com a crescente pressão por inovação e eficiência no setor público e privado, cursos voltados à formação de líderes em políticas públicas ganham força e se tornam caminho estratégico para profissionais que querem transformar decisões em impacto real.

Reportagem: Guilherme Vicente de Morais

Em um país onde os desafios sociais, econômicos e ambientais se acumulam diante de instituições cada vez mais cobradas por transparência, eficiência e impacto, a formação de líderes públicos e privados deixou de ser uma aspiração acadêmica para se tornar um imperativo nacional. Hoje, mais que nunca, não basta ocupar espaços de poder: é preciso estar preparado para usá-los com técnica, visão estratégica e responsabilidade.

A busca por profissionais capacitados em políticas públicas, gestão pública e governança cresceu de forma consistente nos últimos anos. Dados do LinkedIn mostram que, entre 2020 e 2024, a demanda por cargos relacionados à gestão pública estratégica aumentou em mais de 40% no Brasil. Boa parte dessa procura vem de servidores públicos em busca de atualização, mas também de executivos, advogados, assessores parlamentares e profissionais do terceiro setor que querem entender – e transformar – o funcionamento do Estado.

Esse movimento criou um novo mercado educacional no País: o de cursos voltados à formação de líderes que compreendem os bastidores das decisões públicas. Em resposta, instituições renomadas desenvolveram programas que vão além da teoria. São formações de curta e média duração, com abordagem prática, professores com experiência real no setor público e uma estrutura pensada para conectar o aluno aos desafios concretos da administração pública.

A Escola Nacional de Administração Pública (Enap), por exemplo, oferece o LideraGOV, um programa gratuito voltado ao desenvolvimento de lideranças no serviço público federal. A iniciativa tem sido uma referência de impacto na qualificação de servidores. O curso valoriza o autoconhecimento, a empatia e a escuta ativa como pilares para uma liderança transformadora, com resultados que já repercutem em diversas esferas do governo.

No campo privado, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) disponibiliza o MBA em Gestão Pública e Políticas Públicas, com aulas 100% ao vivo, professores de renome e foco em inovação na administração pública. As disciplinas abordam desde o planejamento estratégico até a gestão de projetos e a economia do setor público. Já a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Brasília, oferece o curso Formação Executiva de Líderes, voltado para quem precisa desenvolver competências de liderança e implementar mudanças organizacionais em estruturas complexas.

Um dos programas mais estruturados e inovadores da atualidade é o Master em Políticas Públicas e Governo (MPPG), do Ibmec Brasília. Criado para formar profissionais capazes de conectar teoria, prática e impacto real, o curso é uma resposta direta às urgências da gestão pública brasileira. “Através desse programa, os profissionais adquirem conhecimentos teóricos e práticos sobre a criação de políticas eficazes, gestão de recursos públicos e avaliação de impacto – habilidades essenciais para enfrentar desafios como desigualdade social, pobreza e desenvolvimento regional”, afirma o professor Ricardo Caichiolo, diretor do Ibmec Brasília.

Com duração de 12 meses, o MPPG oferece uma grade curricular que integra temas como governança, políticas sociais, análise de dados, regulação econômica e inovação pública. Além disso, inclui módulos atualizados sobre inteligência artificial, economia digital, compliance e mudanças climáticas – áreas que já moldam o futuro das decisões públicas no Brasil e no mundo.

O programa se diferencia também pelo corpo docente, formado por nomes de peso da vida pública e acadêmica nacional. Fazem parte do time de professores:

Michel Temer, ex-presidente da República, constitucionalista e especialista em relações institucionais;

Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, que conduz reflexões sobre o papel do Judiciário nas políticas públicas;

Edson Fachin e Luiz Fux, ministros do Supremo Tribunal Federal, com forte atuação em direito constitucional e regulação;

Jorge Messias, advogado-geral da União, com vasta experiência na assessoria jurídica da administração pública federal;

Luiz Gustavo Bichara, procurador especial tributário da OAB, referência em finanças públicas e tributação;

Ângela Cignachi, conselheira do Conselho de Comunicação Social, que atua nas áreas de regulação, transparência e políticas de comunicação.

“A proximidade com tomadores de decisão permite aos alunos uma vivência autêntica dos processos políticos e administrativos, algo fundamental para quem quer influenciar políticas de forma estratégica”, explica Caichiolo. O curso conta com encontros mensais presenciais em Brasília e aulas ao vivo, além de parcerias com consultorias, órgãos públicos e centros de pesquisa.

Indicado para funcionários públicos dos três Poderes, advogados, jornalistas, assessores políticos, cientistas sociais e executivos do setor privado que lidam com governo e políticas públicas, o Programa busca formar uma nova geração de líderes – preparada, consciente e técnica. “Estamos formando protagonistas que entendem como o governo funciona e como pode funcionar melhor”, resume o diretor.

A profissionalização da gestão pública não é mais uma opção: é o único caminho possível para um país que precisa transformar recursos em resultados. E esses cursos – nas diferentes instituições – são um passo concreto nessa direção. Com cada vez mais profissionais se qualificando, cresce a esperança de que o futuro do Brasil seja guiado por líderes com preparo real para tomar as decisões certas, nos momentos certos, em benefício de todos.