Após onda de fechamentos e apesar da concorrência dos marketplaces, esse perfil de varejo volta à expansão
Reportagem: Redação

Elas estão de volta! Esta é a mensagem divulgada na edição mais recente do Anuário Nacional de Livrarias, realizado pela Associação Nacional de Livrarias (ANL). O Brasil conta com apenas 2.972 livrarias em todo o território nacional, o que equivale a uma livraria para cerca de 72 mil habitantes. A região Sudeste lidera com 1.814 unidades, seguida pelo Sul (561), Nordeste (334), Centro-Oeste (165) e Norte (98).
Porém, esse cenário ganhou novos contornos. mesmo com o fechamento de redes tradicionais livrarias Saraiva e Cultura, o mercado físico vem mostrando sinais de recuperação.
Atualmente, quem lidera essa corrida é a Livraria Leitura. Fundada em 1967, na Galeria do Ouvidor, em Belo Horizonte, a rede soma hoje 123 unidades distribuídas por 24 dos 27 estados brasileiros, incluindo lojas de rua, aeroportos e rodoviárias. Para este ano, a empresa planeja abrir sete novas unidades, entre as quais a primeira no Acre, além de ter a meta de vender 12 milhões de livros – um milhão a mais que no ano passado.
Segundo Marcus Teles, CEO da Leitura, a estratégia de crescimento está concentrada em shoppings, considerados mais resilientes no pós-pandemia de Covid-19. “O Brasil ainda tem muitas cidades grandes sem livrarias. Nós acreditamos que ainda há espaço. Mas não fazemos dívida, não temos pressa. O importante é abrir lojas boas e viáveis”, destaca Teles.
Além dos livros, 29% do faturamento total da Leitura vêm da papelaria, especialmente material escolar, e outros 7%, de presentes, jogos educativos e itens diversos. As lojas também abrem espaço para autores locais, recebendo livros em consignação de escritores independentes.
No caso da Livraria da Vila, que completa 40 anos neste ano, o objetivo é abrir mais duas unidades: uma na Avenida Paulista, e outra em Águas Claras, a terceira em Brasília. Atualmente, a rede possui 23 lojas próprias, entre unidades de rua e em shoppings de Brasília, São Paulo e interior, Paraná e Goiânia.
Eliana Menegucci, CEO da empresa, destaca que a rede se diferencia pela grande variedade de livros nacionais e importados, além de uma área dedicada à literatura infantil, papelaria e brinquedos educativos. Ela ressalta que 95% das vendas são realizadas nas lojas físicas, enquanto o e-commerce representa menos de 5%.
“Contamos com vendedores apaixonados por literatura, que gostam de fazer indicações e trocar experiências com os leitores. Acho que esse ambiente acolhedor, resultado tanto do projeto arquitetônico quanto das pessoas que estão ali, da curadoria e do acervo, é um grande diferencial”, completa.
Já a Livraria Martins Fontes, fundada na década de 1960, não pretende expandir o número de lojas. A decisão é reforçada por Alexandre Martins Fontes, editor e proprietário das duas unidades localizadas em São Paulo, que atualmente apresenta crescimento anual entre 12% e 15%.
Para ele, o foco está na qualidade do acervo, que conta com cerca de 230 mil títulos em estoque, número muito superior à média das livrarias, que variam entre 20 mil e 50 mil títulos. A maior parte desses livros está disponível para pronta entrega, tanto nos espaços físicos quanto no e-commerce, responsável por 50% dos lucros.
“Nosso investimento é garantir que as lojas que temos sejam sempre as melhores possíveis, buscando continuamente a excelência e, de preferência, crescendo dentro desse mesmo espaço. E isso vem acontecendo há mais de 20 anos,” destaca Alexandre.

A livraria do cliente
Uma livraria que também prospera no mercado editorial é a Travessa. Com 14 lojas, é uma rede tradicional do Brasil, com lojas no Rio de Janeiro – onde foi fundada na década de 1990, em São Paulo, Brasília e Lisboa. O ingrediente para o sucesso é investir no cliente. Segundo o sócio fundador Rui Campos, a Livraria da Travessa possui uma cultura de investir em arquitetura, acervo e atendimento.
Para o livreiro, as livrarias desempenham um papel essencial no estímulo à leitura. “A coisa mais linda nas livrarias é que não existe uma igual a outra. Cada uma com sua identidade, estratégia, acervo, ambiente. E público. Cada leitor tem sua livraria preferida. Sendo assim a estratégia seria multiplicar as livrarias pelo país todo. Quem tem uma livraria perto de casa corre o risco de se tornar um leitor. Cada uma dessas livrarias levará adiante seu modo de conquistar o cliente e como consequência melhorar o nível cultural das pessoas”, comenta Rui Campos.
“A coisa mais linda nas livrarias é que não existe uma igual a outra. Cada leitor tem sua livraria preferida. Quem tem uma livraria perto de casa corre o risco de se tornar um leitor. Cada uma dessas livrarias levará adiante seu modo de conquistar o cliente e como consequência melhorar o nível cultural das pessoas”
Rui campos