Cadastro Nacional pretende dar visibilidade, fomentar parcerias e fortalecer o ecossistema de impacto no País. Para especialistas, a medida é positiva, mas exige estratégia de comunicação e políticas públicas complementares.
Reportagem: Da Redação

O Brasil deu um passo importante no fortalecimento da economia de impacto. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lançou o Cadimpacto, uma plataforma digital que permitirá ao governo mapear, organizar e dar visibilidade a empreendimentos que conciliam geração de lucro com impacto social e ambiental positivo.
A iniciativa atende a uma demanda crescente do setor e busca impulsionar negócios alinhados com a transição para uma economia mais justa, inclusiva e sustentável. Empresas e organizações interessadas podem se cadastrar voluntariamente em três níveis – bronze, prata e ouro – conforme o grau de maturidade e mensuração de impacto de seus projetos.
A proposta da plataforma é funcionar como um grande banco de dados e uma vitrine nacional de oportunidades. Seu uso é gratuito e acessível para quem possui conta no gov.br, não oferece crédito, subsídios nem certificações, mas serve como instrumento de organização e visibilidade, conectando empreendedores, investidores e formuladores de políticas públicas.
“O que estamos fazendo é criar uma grande plataforma, uma grande base de dados, que deve conectar todos os empreendedores de modo que possamos tanto reivindicar melhores políticas públicas quanto oferecer uma vitrine de oportunidades de negócios”, explica Lucas Ramalho, diretor de Novas Economias do MDIC, durante o lançamento oficial, realizado no fórum Impacta Mais, em São Paulo – o maior evento do setor no País.
A importância da informação – e da credibilidade
Para Nauê Bernardo, professor de Políticas Públicas do Ibmec Brasília, apesar do potencial dessa ferramenta, é preciso ter atenção com a implementação. “Num primeiro momento, a maior dificuldade é informacional. A informação precisa chegar de forma adequada e expressa, para não trazer espaços para que dúvidas impeçam o Programa de ter credibilidade.”, avalia. Além disso, ele destaca a importância de mostrar vantagens reais e perceptíveis para o empreendedor. “É preciso demonstrar que o cadastramento possui vantagens palpáveis. Sem isso, a adesão tende a ser baixa, especialmente entre os pequenos empreendimentos e em regiões mais vulneráveis”.
Mesmo sem oferecer incentivos diretos, o cadastro tem papel estratégico na consolidação do ecossistema de impacto no Brasil. Para Nauê, a medida se alinha aos compromissos internacionais firmados pelo País. “Essa iniciativa se relaciona com a Agenda 2030 à medida que o Estado brasileiro dá estímulos para que os agentes privados adotem a agenda e sejam vetores de transformação do cenário que vivemos atualmente, tornando-se parte ativa da solução para os problemas socioambientais.”, explica.
A expectativa é de que o Cadimpacto se torne também fonte de dados e inteligência pública, orientando a formulação de políticas futura, mas, para que isso aconteça, especialistas apontam que há a necessidade de ações complementares. “São necessárias políticas que contribuam para o aumento da credibilidade pública de empresas que adotem compromissos socioambientais positivos, firmes e com impactos visíveis.”, destaca o professor.