Três camadas de valor: como ecossistemas de inovação realmente funcionam
Imagem: Reprodução/Internet

Três camadas de valor: como ecossistemas de inovação realmente funcionam

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Colunista: Franklin Yamasake

Muito além de eventos e coworkings, ecossistemas de inovação são sistemas complexos que só funcionam quando há fluxo real de valor em três dimensões: econômica, tecnológica e social.

Na dimensão econômica, o que se observa é que os ecossistemas bem-sucedidos estimulam conexões entre startups e instituições públicas de pesquisa. Em regiões da Alemanha, por exemplo, empresas de base tecnológica conseguiram lançar mais produtos inovadores quando mantinham relações frequentes, mesmo que informais, com centros de pesquisa. A inovação emergia não apenas da estrutura interna das empresas, mas da capacidade de absorver conhecimento externo.

Já a dimensão tecnológica exige mecanismos capazes de transformar conhecimento em aplicação prática. Um estudo investigou o fenômeno dos fundos de investimento especializados em patentes que têm atuado como pontes entre o mundo acadêmico e o mercado. Eles identificam tecnologias com alto potencial, investem em sua maturação e ajudam a levá-las ao mercado. Isso reduz o tempo entre invenção e inovação e torna o processo menos arriscado para os empreendedores.

Por fim, a dimensão social é a mais sutil — e a mais crítica. Estudos em cidades americanas revelaram que ecossistemas que excluem grupos sociais específicos — seja por gênero, origem étnica ou tipo de empreendimento — têm redes menos conectadas e menos inovadoras. Ao integrar diferentes perfis de empreendedores, com diversidade institucional e social, o ecossistema torna-se mais resiliente, criativo e justo na distribuição do valor gerado.

Essas três camadas não operam de forma isolada. Elas se retroalimentam. Um ecossistema só se sustenta quando cria valor econômico, transforma conhecimento em soluções e distribui oportunidades de forma equitativa.

O grande erro das empresas é acreditar que basta “estar presente” para fazer parte do ecossistema. Mas presença não é participação. E participação sem contribuição não gera impacto.

Criar um ecossistema vivo exige mais do que discurso: exige ação coordenada, políticas de governança, redes de confiança e abertura para o diferente. Porque só assim é possível gerar valor — e compartilhá-lo.

Perguntas para reflexão:

  1. Sua empresa colabora de forma estratégica com universidades, centros de pesquisa ou outras organizações fora do seu setor direto?
  2. Você está atento(a) às barreiras invisíveis no seu ecossistema que limitam a diversidade e a circulação de conhecimento?
  3. Que mecanismos sua organização está usando para transformar conhecimento em inovação aplicada, e para distribuir valor além do lucro próprio?
Franklin Yamasake é empresário, doutor em inovação e professor. Fundador da Traciona, uma consultoria especializada no desenvolvimento de ecossistemas de inovação e co-fundador do grupo de investidores-anjo Poli Angels.

Franklin Yamasake 

Empresário, doutor em inovação e professor. Fundador da Traciona, uma consultoria especializada no desenvolvimento de ecossistemas de inovação e co-fundador do grupo de investidores-anjo Poli Angels. 

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