Colunista: Cassiana Martins
Em situações de crise, o verdadeiro potencial de liderança de muitas pode ser revelado. Muitos que, em circunstâncias normais, poderiam passar despercebidos. O nome desse fenômeno é “liderança emergente”, quando pessoas que não ocupam posições formais de líderes no dia a dia, mas assumem os papéis de liderança em resposta a situações críticas.
Em situações de emergência, quando as estruturas tradicionais não têm forças suficientes de ação em massa, abrem-se espaço para novos líderes. Foi o que ocorreu no Rio Grande do Sul, as lideranças emergentes surgiram pela necessidade de uma ação rápida, unindo cidadãos comuns, que não se conheciam, mas tinham o mesmo objetivo: salvar vidas.
As mulheres, em particular, destacaram-se como líderes emergentes em diversas crises ao longo da história, e nesse cenário não foi diferente. A empatia, a colaboração e a comunicação clara foram essenciais e muitas mulheres assumiram a liderança, guiando comunidades, centros de apoio estruturados, tornando os abrigos mais seguros e coordenando ações dentro dos grupos de WhatsApp, que cumpriam o papel de organizar os recursos aos seus destinos, acolhendo e demonstrando a importância de uma liderança baseada no cuidado e na conexão humana.
Douglas Griffin, em seu livro “The Emergence of Leadership: Linking Self-Organization and Ethics”, afirma que “a liderança emergente é um processo coletivo que surge de interações dinâmicas entre as pessoas, em resposta a necessidades e desafios específicos”. Ele mostra que a liderança não é uma qualidade inata de poucos, mas uma resposta a situações que exigem coragem e iniciativa.
Essas novas líderes, demonstraram que a liderança pode e deve ser mais inclusiva. O foco não era em hierarquias, mas, sim, em adaptação: naquele momento, eram todos anônimos, ninguém tinha profissão ou status. Todos eram braços e mãos estendidas para ajudarem no que fosse preciso: limpeza; resgate; marmitas, etc. Sem rótulos, mas com muito senso de comunidade.
Um aprendizado que levo para meu trabalho é lembrar da importância de reconhecer e cultivar as capacidades de liderança nas empresas, criando ambientes em que lideranças emergentes possam florescer, transformando desafios em oportunidades, não sendo apenas uma resposta a crises, mas uma prova de que o potencial de liderança está presente em todos, esperando o momento certo para se manifestar e fazer a diferença.

Cassiana Martins é gaúcha, psicóloga corporativa, diretora da Pono Treinamentos e Desenvolvimento Humano, escritora, palestrante internacional, certificada com o selo ODS ILN, desenvolvendo lideranças no Brasil e no mundo.