Quando falamos em deficiência, muitos ainda pensam apenas nas que são visíveis, como o uso de cadeira de rodas ou muletas. Mas é fundamental ampliar esse olhar para as chamadas deficiências invisíveis, como condições neurológicas, auditivas, visuais parciais, transtornos do espectro autista, doenças crônicas ou de saúde mental. Elas não se revelam de imediato, mas impactam profundamente a vida cotidiana.
A invisibilidade dessas deficiências gera preconceito, desconfiança e falta de acolhimento. Quantas vezes alguém que estaciona em uma vaga reservada é julgado por não “parecer” ter deficiência? Ou quantas barreiras enfrentam pessoas que vivem com dores crônicas, crises de ansiedade ou limitações cognitivas, mas que não encontram compreensão nos espaços de trabalho, saúde e convivência social?
Estas perguntas são um convite à reflexão coletiva sobre os direitos, a dignidade e a plena participação das pessoas com deficiência (PCD) na sociedade. Mais do que um movimento simbólico, representa a reafirmação da importância da inclusão em todas as esferas da vida social, cultural, política e econômica.
Nesse contexto, a empregabilidade é um dos maiores desafios. Abrir oportunidades de trabalho para PCD não pode ser apenas o cumprimento de cotas, mas sim a construção de ambientes verdadeiramente inclusivos. Isso significa preparar equipes, gestores e lideranças para acolher a diversidade, promover adaptações razoáveis, garantir acessibilidade e valorizar o potencial de cada profissional. Empresas que avançam nesse sentido não só cumprem seu papel social, mas também enriquecem suas equipes com diferentes perspectivas e formas de pensar.
É importante lembrar que a deficiência não define a pessoa. O que realmente limita é a falta de empatia, de informação e de vontade política para transformar ambientes em espaços inclusivos. Que possamos, nesse mês e em todos os outros, assumir a responsabilidade de construir uma sociedade que respeite cada singularidade e reconheça o trabalho como um direito fundamental para a cidadania plena.
Inclusão não é favor, é direito. E reconhecer as deficiências invisíveis é um passo essencial para que todas as pessoas possam viver com dignidade, igualdade e justiça social. Um avanço simbólico que merece destaque é a mudança no símbolo da pessoa com deficiência, que reforça a ideia de movimento, autonomia e conquista, rompendo com estigmas do passado.

Paula Sales
É fundadora da Pazziti Treinamento. É assistente social, gestora pública, empreendedora e palestrante, com mais de 20 anos no terceiro setor, promovendo diversidade e inclusão.